O massacre dos armênios e o quase rompimento das relações diplomáticas entre França e Turquia.

Durante a Primeira Guerra, muitos armênios foram mortos pelo então Império Otomano (atual Turquia). Semanas atrás, devido ao grande número de armênios na França e por se tratar de ano eleitoral neste país, o governo francês, que já reconhecia que o massacre de minorias armênias ocorrera ao decorrer da Primeira Grande Guerra, aprovou uma emenda que penalizará a negação de tal fato por parte de seus cidadãos. A Turquia, por não admitir que tais mortes tenham realmente ocorrido, retaliou a França oficialmente através de declarações de seu embaixador em Paris assim como através de documentos oficiais. Chegou-se a cogitar a possibilidade de rompimento diplomático.
Exagero por parte da Turquia? Este país deveria reconhecer tal massacre, assim como a Alemanha reconhece o holocausto?

Chegou o momento cínico da argumentação: Supondo que Deus exista, podemos obrigar alguém a reconhecer a sua existência?Não, a própria bíblia concede o livre-arbítrio, o direito de "errar". Do mesmo modo, devemos proibir a manifestação de ideologias nazi-fascistas, "negacionismos" e afins? A democracia é um regime de escolhas, de encruzilhadas e pressupõe a liberdade como condição básica de existência. Se numa democracia não há liberdade suficiente para que ela dê errado, ela não é tão democrática assim.

Entendo sua argumentação. Mas se existem documentos históricos comprovando que o massacre realmente ocorreu, mesmo assumindo a legitimidade do livre-arbítrio numa democracia, não seria falta de bom senso não reconhecê-lo? Não se trataria de fanáticos à la Ahmadinejad? Não se ridicularizariam? (Talvez todos sejam juízos de valor)
A democracia, como afirmou Thomas Jefferson, é a pior forma de governo com excessão à todas as outras. Contudo, será que é possível assumir que, mesmo no âmbito das escolhas numa democracia plena, tudo seja negligível, inclusive os fatos que dizem respeito aos acontecimentos de responsabilidade histórica?